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18 de Abril de 2024

Laudo de perito particular contesta suicídio da mãe de Bernardo

Odilaine Uglione morreu em 2010 no consultório de Leandro Boldrini. Ela era mãe do menino de 11 anos assassinado no mês de abril.

Publicado por Danilo Peleje
há 6 anos

Um laudo elaborado por um perito particular pode reabrir as investigações sobre a morte da Odilaine Uglione, a mãe do menino Bernardo Boldrini, assassinado em abril deste ano, no Rio Grande do Sul. Segundo o documento, a mãe do menino não cometeu suicídio, mas foi assassinada. O marido, Leandro Boldrini, seria o principal suspeito.

Leandro está preso, acusado de tramar a morte do menino junto com a madrasta, Graciele Ugulini, e os irmãos Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz. Os quatro respondem a processo criminal pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

A mãe de Odilaine, Jussara Uglione, de 73 anos, acredita que a filha não se matou com um tiro de revólver calibre 38, com concluiu a polícia há cerca de quatro anos. A enfermeira foi encontrada morta em 2010 dentro da clínica do então marido, Leandro Boldrini, em Três Passos. “Não, não, ela não se matou”, diz Jussara.

A mesma opinião tem o especialista em ciências Policiais Eduardo Llanos, contratado por Jusssara e que ajudou a elaborar um novo laudo sobre a morte de Odilaine. O especialista diz que não tem nenhuma dúvida de que a mãe de Bernardo foi assassinada.

Na época da morte de Odilaine, a polícia chegou à conclusão de que se tratava de suicídio com base no depoimento de testemunhas e nos laudos da perícia oficial, mas um resultado intrigou a família da enfermeira. Havia resíduos de chumbo – o principal elemento químico da pólvora – apenas na mão esquerda de Odilaine, mas ela não era canhota. Era destra. “Os amigos desconfiaram primeiro, mas ninguém queria me contar. E pensando no Bê a gente ficou quieto”, conta Jussara.

Bê era o apelido de Bernardo, o neto Jussara e filho de Odilaine. O menino, de 11 anos, foi encontrado morto em uma cova rasa, em abril passado, em Frederico Westphalen, a cerca de 80 quilômetros de Três Passos, onde ele morava com a família. O caso revelou um passado de violência e humilhações sofridas pelo garoto.

Para a família de Odilaine, uma gravação encontrada no celular de Leandro é mais um indício de que ela não se suicidou. Bernardo discute com o pai e com a madrasta quando eles falam sobre Odilaine. “Eu sei que tua mãe é o máximo para ti. Mas simplesmente ela te abandonou”, diz o pai no vídeo. “Ela não me abandonou. Tomara que tu morra. E essa coisa que morra junto”, retrucou o menino. “Tu vai ir antes. Teu fim vai ser igual ao da tua mãe”, completou a madrasta.

A mãe acredita que Odilaine foi assassinada. Ela conta que, cerca de cinco horas antes de morrer, a filha estava feliz, pois iria se separar de Leandro. O motivo: brigas e traição. “Ela me disse: ‘Mãe, o Leandro andava pulando a cerca. Já vi, já peguei’. Cada um ia seguir seu rumo. Ela iria receber R$ 1,5 milhão e mais R$ 8 mil de pensão”, conta Jussara.

Depois de falar com a mãe por telefone, Odilaine foi se encontrar com o marido. A clínica do médico Leandro Boldrini funcionava em um andar de um prédio comercial. Segundo as investigações, Odilaine entrou pela porta que era o acesso dos pacientes e foi direto ao consultório, que ficava aos fundos. Leandro Boldrini não estava. O médico, de acordo com a polícia, chegou logo depois. Passou rapidamente pela recepção e quando chegou ao consultório, se surpreendeu com a presença da mulher.

Ao Fantástico, a então secretária da clínica, Andressa Wagner, disse o que teria acontecido depois. “Deu questão de, não sei te dizer se foi segundos ou minutos, daí ele logo saiu porta afora, pedindo socorro: ‘Chama a polícia, homicídio, suicídio’. Falou assim. Aí, quando ele estava saindo assim, deu o estouro. Daí eu corri lá dentro logo para ver o que era. Ela já estava no chão”, relatou ela, que disse não ter percebido nenhuma discussão entre os dois.

A mesma delegada que acusa Leandro Boldrini de ser o mandante do assassinato do filho Bernardo foi a responsável pela investigação da morte de Odilaine. “Todas as provas levaram a crer que ela se matou. Ela falou isso no dia anterior para umas testemunhas, em um centro espírita, que ela ia se matar. Ela falou para empregada dela no dia que ela ia se matar”, conta a delegada Caroline Bamberg.

O diretor da empresa que fez a perícia levanta uma hipótese: fala que a mãe de Bernardo pode ter sido assassinada e não descarta a presença de uma terceira pessoa dentro do consultório. Ele acredita que Odilaine possa ter tentado se defender com a mão esquerda antes de levar o tiro. “Na hora de proteger ou de tentar tirar a arma de quem possivelmente colocou a arma na boca dela e efetuou o tiro, automaticamente ficaram resíduos só em uma mão dela”, ressalta Eduardo Llanos.

Em maio deste ano, o perito Douglas Piérola – que fez o laudo oficial atestando o suicídio de Odilaine – deu explicações ao Ministério Público. Para ele, a mão direita da enfermeira segurava o revólver. Para ter mais firmeza no tiro, ela teria usado a mão esquerda como apoio e assim, acabou cobrindo a direita. Isso explicaria o motivo de ter sido encontrado chumbo só na mão esquerda. Procurado, ele não quis se manifestar.

O Fantástico fez um teste em um estande de tiro, seguindo as orientações de um professor da USP. A instrutora usou luvas e atirou em um alvo com um revólver calibre 38, o mesmo que teria sido usado por Odilaine. A posição das mãos também deveria ser semelhante a que foi apontada pelo perito oficial. Depois, as luvas foram analisadas no Instituto de Física da USP. “Temos chumbo na mão direita e na mão esquerda. Espalhou. Essa é uma análise muito sensível, uma análise atômico-nuclear, bastante indicada para esse tipo de análise”, explica Manfredo Tabacniks, coordenador do Laboratório de Análise de Materiais da USP.

Os parentes de Odilaine pedem que a investigação seja reaberta. “Há a imperiosa necessidade de justiça, que seja reaberta essa investigação a fim de que a impunidade não seja alcançada”, afirma o advogado da mãe de Odilaine, Marlon Taborda.

A delegada não concorda. “Análise nova é uma coisa. Agora, fatos novos não têm. Eu não vou reabrir porque eu entendo que o inquérito está concluso, como deveria ser concluso: que realmente ela se matou”, afirma Caroline Bamberg. “Eu não posso ser movida por um clamor social, que quer que ele fique mais tempo preso por uma coisa que ele não cometeu”, acrescenta a delegada.

Os advogados de Leandro não quiseram se manifestar. Em 30 dias, a Justiça deve decidir se a morte de Odilaine vai ser investigada de novo ou não. “Tem que investigar. Eu não posso morrer com essa dúvida também. Nós perdemos as duas últimas joias da família, que era o Bernardo e Odilaine”, completa Jussara Uglione.

Entenda

Conforme alegou a família, Bernardo teria sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No dia 6 de abril, o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.

No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.

O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso. No dia 14 de abril, o corpo do garoto foi localizado. Segundo as investigações da Polícia Civil, Bernardo foi morto com uma superdosagem de um sedativo e depois enterrado em uma cova rasa, na área rural de Frederico Westphalen.

O inquérito apontou que Leandro Boldrini atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Ainda conforme a polícia, ele também auxiliou na compra do remédio em comprimidos, fornecendo a receita. Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune, e contaram com a colaboração de Edelvania e Evandro, concluiu a investigação.

http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/caso-bernardo-boldrini/noticia/2014/10/laudo-de-perito-part...

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